domingo, 4 de janeiro de 2009

TRISTE SINA.

Luiz Domingos de Luna
Livro digital - Google

Que triste sina esta minha!
De nascer neste torrão
Pegado na mão da miséria
E agarrado no fracasso
Tem que ter nervo de aço
Para não virar pedaço
E suportar a aturação
O poeta é graduado
Mas sem anel ou anelado
Não vai mudar o estado
Da nossa situação
Convidei os folcloristas
Para assistir nosso forró
Sem sanfona, sem zabumba.
Sem triângulo e sem suor
O teclado agora berra
Não tem mais o pé de serra
Não sei se acerta ou erra
Quem tirou o pão de ló
Fomos olhar a boiada
Que era tangida na estrada
Pois o chocalho se ouviu
Que boiada que nada
Era um coitado que cantava
E seu nome era brasil.
Convidamos toda a mídia
Jornal, rádio e televisão.
Todos gritaram a uma só voz
É uma doença que atingiu o seu coração
É um vírus persistente
É uma força onipresente
O seu nome é conhecido
É um bicho bem sabido
O nome é corrupção
Ataca a democracia
Corrói a instituição
O direito se esfarela
Pois até a sua costela
Vira massa de construção
Acaba-se o operário
Ou espertalhão ou otário
Eis aí a prescrição
Dá uma febre danada
O termômetro nãoBaixa nada
Pois pode olhar a pesquisa
Só se olha o do outro
Que se visa
Não tem mais o cidadão,
São espertos, vivo, sortudo, sabido?
Todos são conhecidos
Mas não com nome de ladrão.
Quem falar isso é mentiroso, não é patriota,
Não passa de um agiota
Que quer loar a vernaculação
Cadê a ética, a cidadania.
A dignidade, a família. o Estado.
A sociedade, o contrato social
Ainda bem que a justiça é cega,
O futuro se encerra,
Em mais um filme
Que todo mundo viu,
A imprensa não foi silenciada,
Mas, por mais grito,mais grito,
Mais roucada,
Mais dia,
Menos dia
Fica calada,
Pois é um grito
Que ninguém quer ouvir mais não.
É o dia da diária
A quinzena da quinzenada
É a mensalada do mensalão
É o grito da boiada queficou para trás
NãoTem mais boiada não.
É o sertão que virou mar
É o mar que virou sertão.